terça-feira, novembro 16, 2004

A magia com que me transformas

Querido Luís,
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O sol já se pôs e eu continuo aqui na escola à espera da mãe da Ana Rita do 10º ano, que me ofereceu boleia para casa. É muito melhor do que andar de autocarro, por isso, nem custa assim muito, o problema é o frio que se faz sentir ultimamente. A Ana Rita acabou de me contar que está apaixonada por ti desde o dia em que te viu, quando se veio matricular. Eu já sabia, fui eu que vos apresentei e ela nunca conseguiu esconder o histerismo típico de miúda de 15 anos que sente uma paixoneta por um rapaz mais velho. Dou-me bem com ela. É algo infantil, ingénua, o que até lhe dá um certo ar de graça. Ela pede à Filipa, uma amiga dela, também muito querida, para fazer uma chamada do telemóvel dela. A Filipa recusa o pedido, mas eu, sabendo que o destinatário és tu e compreendendo a ânsia dela, decido emprestar-lhe o meu.
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Tendo já passado algum tempo, aproximo-me dela e ouço-a explicar que não pode demorar muito, porque "a pessoa" que lhe permitiu utilizar o telemóvel está "aqui ao alto". Rio-me e solto um "olá" que considero audível do outro lado da linha. Não me reconheces, eu estranho. Continuo a tentar fazer-me ouvir e começo a perceber que ficas intrigado. Agarro no aparelho com permissão da Ana Rita e pergunto-te, indignada, se continuas sem me reconhecer. Ah! Agora sabes quem sou! Nunca te passou pela cabeça que eu, conhecendo perfeitamente o teu desinteresse por ela, lhe fosse ceder uma ligação do meu cartão pobrezinho para ti. Não te mostras aborrecido e aproveitas para falar comigo um bocadinho antes de desligares. Encho-me de alegria só por poder ouvir a tua voz de novo, só para mim, sem mais ninguém a ouvi-la!
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É mágica a forma como me transformas!...

1 Comments:

At 12:46 da manhã, Blogger collectus said...

Deve ser uma coisa estranha, sentires o mesmo e ela nem saber, esse segredo existir dentro de ti e teres que ouvir ela dizer sobre o que sente por ele... deve magoar...

 

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