A audição
Querido Luís,
Tu não tomas horas?!? Eu que não vou tocar consegui chegar primeiro que tu! Sabes que estou só a brincar, mas não há nada como a boa disposição antes de começar uma audição!
O professor de piano faz um aviso para os menos frequentadores deste tipo de eventos, que apela ao silêncio e ao cuidado para não se bater palmas entre andamentos. Um nervoso miudinho apodera-se do meu peito, mas é acalmado pelo simpático Luís - aluno do preparatório - que interpreta uma "Dança dos Índios" e o "Balão do João". A seguir és tu. Conheço de cor o teu gesto ao entrar em palco, ao fazer a vénia da praxe, ao sentar no banco do piano. Soltas então a tua suite de Bach, que só é importunada pelo ranger incomodativo do banco! Mas eu abstraio-me desse ruído inoportuno com bastante facilidade, porque o que me cativa realmente é a música. Outros alunos tocam depois de ti, e alguns deles até muito bem! Para todos os efeitos, quando voltas a fazer soar as cordas do piano, transformo-me sem querer. Chopin, Liszt e Rachmaninov pelas tuas mãos! Não há nada mais encantador! As pessoas faladoras calam-se, as crianças já não deixam cair no chão os brinquedos, tudo pára. Ou talvez não pare realmente, talvez continue a haver gente a falar e brinquedos a cair estrondosamente no chão, mas eu só consigo ver-te e ouvir as peças que interpretas, mais nada. É exactamente como quando não há mais ninguém a assistir, quando tocas só para mim, só para mim...
Ainda me acompanhas ao café, enquanto espero que o meu pai me vá buscar e fazes questão de me pagar um sumo. Eu nunca permitiria, se não me tivesses roubado o talão! Mas agrada-me a intenção.
E se viesses comigo amanhã ver um concerto?... Não é que vais mesmo?! Se a felicidade se revelasse num salto, eu teria ido até à Lua!
Tu não tomas horas?!? Eu que não vou tocar consegui chegar primeiro que tu! Sabes que estou só a brincar, mas não há nada como a boa disposição antes de começar uma audição!
O professor de piano faz um aviso para os menos frequentadores deste tipo de eventos, que apela ao silêncio e ao cuidado para não se bater palmas entre andamentos. Um nervoso miudinho apodera-se do meu peito, mas é acalmado pelo simpático Luís - aluno do preparatório - que interpreta uma "Dança dos Índios" e o "Balão do João". A seguir és tu. Conheço de cor o teu gesto ao entrar em palco, ao fazer a vénia da praxe, ao sentar no banco do piano. Soltas então a tua suite de Bach, que só é importunada pelo ranger incomodativo do banco! Mas eu abstraio-me desse ruído inoportuno com bastante facilidade, porque o que me cativa realmente é a música. Outros alunos tocam depois de ti, e alguns deles até muito bem! Para todos os efeitos, quando voltas a fazer soar as cordas do piano, transformo-me sem querer. Chopin, Liszt e Rachmaninov pelas tuas mãos! Não há nada mais encantador! As pessoas faladoras calam-se, as crianças já não deixam cair no chão os brinquedos, tudo pára. Ou talvez não pare realmente, talvez continue a haver gente a falar e brinquedos a cair estrondosamente no chão, mas eu só consigo ver-te e ouvir as peças que interpretas, mais nada. É exactamente como quando não há mais ninguém a assistir, quando tocas só para mim, só para mim...
Ainda me acompanhas ao café, enquanto espero que o meu pai me vá buscar e fazes questão de me pagar um sumo. Eu nunca permitiria, se não me tivesses roubado o talão! Mas agrada-me a intenção.
E se viesses comigo amanhã ver um concerto?... Não é que vais mesmo?! Se a felicidade se revelasse num salto, eu teria ido até à Lua!
1 Comments:
Pois, pois... Depois diz-me que é só impressão minha!!! Ihihih.
Já viste se ele pensar da mesma maneira que tu e achar que o brilho nos teus olhos quando olhas para ele é só amizade?
Se ambos só acreditarem quando o outro disser alto e bom som, não saem da cepa torta!
Mas pronto... isto digo eu que já passei por isso e já não tenho de me preocupar com aquele nervoso miudinho terrivel na hora de dizer: "sabes... gosto de ti".
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